quarta-feira, janeiro 21

o tudo e o nada




Podemos muito bem, se for esse o nosso desejo, vaguear sem destino pelo vasto mundo do acaso. Que é como quem diz, sem raízes, exactamente da mesma maneira que a semente alada de certas plantas esvoaça ao sabor da brisa primaveril. 

E, contudo, não faltará ao mesmo tempo quem negue a existência daquilo a que se convencionou chamar o destino. O que está feito, feito está, o que tem se ser tem muita força e por aí fora. Por outras palavras, quer queiramos quer não, a nossa existência resume-se a uma sucessão de instantes passageiros aprisionados entre o «tudo» que ficou para trás e o «nada» que temos pela frente. Decididamente, neste mundo não há lugar para as coincidências nem para as probabilidades. 
Na verdade, porém, não se pode dizer que entre esses dois pontos de vista exista uma grande diferença. O que se passa - como, de resto, em qualquer confronto de opiniões - é o mesmo que sucede com certos pratos culinários: são conhecidos por nomes diferentes mas, na prática, o resultado não varia. 


Haruki Murakami, in 'Em Busca do Carneiro Selvagem' 





função inversa é o amor que se acumula


O resultado da função inversa é o ângulo que corresponde ao parâmetro da função...


"...Nunca ouvistes as notas várias
Solitárias
Que solta mágica flauta
Quando a lua empalecida
Enternecida
Sobre as águas se retrata?
Tenho medo da vida e mocidade
Que me pulsa a ferver no coração!
Tenho pena do tempo que se escoa,
Tenho medo, meu Deus, da solidão!"

Julia da Costa      



 "O amor que se acumula se molda no final....
até descobrirmos 
que só o que temos é o que damos!"