sexta-feira, julho 23

O amor é uma merda




É uma merda que te preenche, te ilude e te completa; uma merda que vicia. Machuca, dilacera e dói. Daquelas dores desesperadas que a gente sente calado, mas a alma tá gritando, latejando, não passa nunca e, depois dói mais. 
Não tem distância segura, não tem força de vontade, nem catiça ou pazuzu; nada te protege da dor. 
Amar é como ser ferido, lançado, picado e comido. O amor te extermina, te liquida e te extingue.
Amor te cega e corrompe. Amar é perder. Quer perder? ame. Quer sofrer? ame.
Que orgulho o que! nem dignidade! a gente rasteja na lama, decora o fundo do poço e, se aparece uma mísera chance de voltar pro inferno a gente se agarra a ela como uma tábua de salvação. Amar é se perder e nunca mais se achar. Amar é estar em desvantagem.
Quem ama não sai ileso. Quem ama não escapa de sofrer. Quem já não teve vontade de arrancar o coração do peito pra fazer parar a dor?
Amor é fogo que arde sem se ver, a gente vê e arde mais e a gente sente sim a ferida doer.
Amor dói no peito, nas costas e nas juntas e, se juntar o que sobra de nós depois: é nada.
É vazio o que vem depois. É vazio e dor; vazio e saudade. É choro contido, choro escancarado e é um mar que eu não sei de onde vem, talvez da alma de um zumbi. 
O amor é uma merda que te tira a vontade de ir e vir, de ficar, de estar e de todos os verbos contidos na confusão e no tormento que ele causa.
Amor eu não sei fazer, nem viver, nem desfazer, nem sobreviver a ele...
Sempre morro depois. Morro de mil mortes. E todas elas doem. E nunca me levanto inteira, sempre me falta um pedaço, sempre o vazio, a dor e a saudade, e de novo amor.







Nenhum comentário: