A história que eu vou contar começa antes do fim. Digo isso porque algumas histórias tendem a começam depois do fim, o que é outra história...
Antes do fim existe o tudo, e todas as cores, todas as formas, o espaço, o infinito, a certeza.
Depois do fim a dúvida é outra.
Antes do fim, se a gente se olha, não se descobre. Porque antes do fim não existimos senão em nossas fantasias.
Antes do fim existe a saudade. E a saudade, antes do fim, é como um foco de incêndio que necessita de cuidados extremos de uma verdadeira trupe de bombeiros, munidos de mangueiras.
Andamos pelas ruas, cada qual com o seu sol, antes do fim, prontos a exterminar a saudade.
Depois do fim, se houve fim, vai fazendo frio e o fogo da saudade não incomoda mais.
Antes do fim percorremos caminhos perigosos em abraços capazes de durar horas. Um entra no umbigo do outro. Fica lá dentro, fazendo cócegas, procurando não sei bem o que que não se tem em si mesmo.
É tudo mistério e aventura antes do fim.
E parece não ter fim...
Mas e se ocorrer o fim? O último momento. Aquele que só percebemos que ocorreu com o passar do tempo. mesmo porque; antes do fim não há o tempo; mas sim tempo de sobra.
O fim é um grande buraco negro e silencioso; cheio de saudade e de mágoa.
O fim não existe, mas quando se manifesta; é porque está começando uma outra história
Eu gosto de pensar que as outras dão-se inicio mesmo antes do fim.
Assim nunca haverá fim.
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